As Americanas, uma das gigantes do varejo brasileiro está a um passo de decretar recuperação judicial. A empresa que inclusive registrou crescimento após ser uma das principais patrocinadoras do Big Brother Brasil em 2022, enfrenta o que talvez seja o pior momento administrativo de sua história, e mais de 40 bilhões estão em processo de negociação com seus credores.
A crise vivenciada pela empresa veio a público no dia 11 de janeiro, quando em um comunicado oficial foi anunciado a identificação de “inconsistências contábeis” de R$ 20 bilhões nos balanços das Americanas. Ainda no mesmo comunicado o até então CEO da varejista Sergio Rial, empossado no cargo no dia 02 de janeiro deste ano, anunciou sua renúncia ao cargo.
Inconsistências
Parte do problema vivenciado pela empresa foi diagnosticado nas operações de financiamento de compras que não estavam “adequadamente refletidas” nas contas de fornecedores. O erro foi identificado nas demonstrações financeiras referente ao terceiro trimestre do ano passado. O problema, no entanto, não se limita ao ano de 2022, já que foi identificado pelas Americanas que o rombo bilionário também é referente a anos anteriores.
De forma geral o problema ocorreu por não ser registrado de forma adequada e integral o financiamento de compras feito pela empresa, informação que foi confirmada em comunicado publicado pelas Americanas.
“A existência de operações de financiamento de compras em valores da mesma ordem (R$ 20 bilhões), nas quais a companhia é devedora perante instituições financeiras e que não se encontram adequadamente refletidas na conta de fornecedores nas demonstrações financeiras”.
Frente à crise iminente, a Americanas entrou com pedido de medida cautelar judicial, alegando temer que R$ 40 bilhões em dívidas com fornecedores fossem cobradas antecipadamente. Por sua vez, a justiça concedeu a liminar pelo prazo de 30 dias impedindo a solicitação de antecipação de pagamento das dívidas, permitindo assim que a empresa entre em negociações com seus credores.
Tamanho do rombo
Com o anúncio e os problemas da empresa expostos às ações da Americanas tiveram uma queda de 80% em seu valor de mercado. A empresa como um todo registrou uma queda de valor no mercado em dois dias registrando uma depreciação de R$ 8,27 bilhões. Antes do anúncio a Americanas tinha o valor de mercado de R$ 10,8 bilhões, agora a empresa foi avaliada em R$ 2,4 bilhões.
Para majorar se o tamanho da crise, um levantamento de Einar Rivero, da TradeMap, aponta que o rombo de R$ 20 bilhões equivale ao valor de mercado da Magazine Luiza, que até o fechamento do pregão do dia 11 de janeiro era avaliada em R$ 20,20 bilhões.
O que pode acontecer
Entre as ações possíveis, a Americanas pode entrar com o pedido de recuperação judicial, contudo para que tal medida seja tomada é necessário à apresentação de um programa de recuperação financeira, que se o programa não for cumprido, consequentemente a falência deve ser decretada.
Caso ocorra o pedido de recuperação judicial, a empresa passará a ser autorizada pela Justiça a suspender o pagamento de dívidas por prazo determinado judicialmente. Estratégias de recuperação e injeção de capital são estudadas, e existem ainda as possibilidades de venda ou fusão com outra empresa.